sexta-feira, 17 de março de 2006

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Miguelito acreditava que toda forma de 'descarrego' fisiológico era uma maneira de evacuar seus problemas psicológicos; afogá-los, preferia. Certa manhã de domingo, o sol torrando qualquer tipo de pensamento sensato, guel - como era chamado pelos amigos - resolve 'aplicar' sua teoria. A noite havia sido dura, 'intragável'... Chorava em prantos feito criança de berço pela morte da ex-babá. Dirigiu-se então ao banheiro (já estamos falando do domingo!) e começou 'a prece'. Para ele a evacuação dos problemas devera ser dolorosa, por isso não comia mamão nem ameixas há meses. Sofrimento passado, mal conseguia conviver com aquele odor indescritível - e graças a Deus inodoro à nossa leitura... Chegara o momento decisivo: concentrar toda a força que lhe restara e mandar seus anseios e tristezas para bem longe. Desafortunado Miguelito. A descarga estava quebrada! Moral do causo: nem sempre as coisas se resolvem porque acreditamos nelas. Às vezes somos obrigados a conviver com a merda que nos cerca.
Você achou complexo? Dirija-se ao banheiro...

5 comentários:

Thaise de Moraes disse...

Quando a descarga não funciona, sempre há alternativas. Basta usar muitos baldes de água. Porém quando a preguiça não nos deixa usá-los, certamente, é porque não queremos. Até quando o assunto não é agradável, as tuas metáforas são maravilhosas. Saudades tua. te adoro :D

Anônimo disse...

É isso aí, vamos buscar muitos baldes d'água pra poder mandar longe todas as coisas que não nos servem e que não nos fazem bem! Tô impressionado com teus textos. MA RA VI LHO SOS!!!

Anônimo disse...

"SAUDADE
Substantivo feminino: sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável (freq. us. tb. no pl.)"

Anônimo disse...

Quando a descarga na funcionar, simplesmente baixo a tampa da privada até ter ânimo para consertar. Encarar a merda nao é fácil mas conviver com ela muitas vezes é inevitável.

Amei o texto! BJO

Anônimo disse...

Adorei. Nem sempre adiantam baldes. Às vezes é preciso furuncar no esquema com um pauzinho, porque o cheiro - i said às vezes - só existe que é prá gente ficar direto com nojo e não enfrentar a merda. hahahahahaha. devaneio despropósito. Não conhecia este teu canto aqui. Te gosto, muitos beijos