terça-feira, 28 de março de 2006

BIPOLARIDADES
O ser humano é dotado de razão e emoção, ou só razão, ou só emoção, ou nenhum dos dois, é um animal falante. Variando o caso, é doce, carinhoso, preocupado com o futuro que o aguarda; outrora é frio, áspero, machuca e destrói. Cabe a cada um enxergar quais valores são intrínsecos ou extrínsecos a ele. Um tapa e um carinho podem ambos vir de uma mesma mão... Lítio aos bipolares!

"Somos castigados por nossas renúncias.
Pecando o corpo se liberta de seu pecado,
porque a ação é um meio de purificação..."

Oscar Wilde.

terça-feira, 21 de março de 2006

Palavras

Palavras sempre escondem pensamentos. Pensamentos grandes em demasia para caber em classificações polissilábicas. Elas guardam segredos, os quais dicionário algum poderá contar. Posso dizer que são astutas, sarcásticas, comedidas...raramente ingênuas, livres de qualquer persuasão. Palavras. PA-LA-VRAS. Trissílaba, paroxítona, díspares. Desvende-as, encante-se, viva. Mas não só de palavras...

sexta-feira, 17 de março de 2006

D
E
S
C
A
R
G
A

Miguelito acreditava que toda forma de 'descarrego' fisiológico era uma maneira de evacuar seus problemas psicológicos; afogá-los, preferia. Certa manhã de domingo, o sol torrando qualquer tipo de pensamento sensato, guel - como era chamado pelos amigos - resolve 'aplicar' sua teoria. A noite havia sido dura, 'intragável'... Chorava em prantos feito criança de berço pela morte da ex-babá. Dirigiu-se então ao banheiro (já estamos falando do domingo!) e começou 'a prece'. Para ele a evacuação dos problemas devera ser dolorosa, por isso não comia mamão nem ameixas há meses. Sofrimento passado, mal conseguia conviver com aquele odor indescritível - e graças a Deus inodoro à nossa leitura... Chegara o momento decisivo: concentrar toda a força que lhe restara e mandar seus anseios e tristezas para bem longe. Desafortunado Miguelito. A descarga estava quebrada! Moral do causo: nem sempre as coisas se resolvem porque acreditamos nelas. Às vezes somos obrigados a conviver com a merda que nos cerca.
Você achou complexo? Dirija-se ao banheiro...

terça-feira, 7 de março de 2006

O fantástico mundo de Celo

Gérberas vermelhas enfeitam a mesa. Os rumos desse mundo miudinho modificam-se a cada milésimo de segundo que brilha aos olhos. Tudo me muda. O filme que acabo de assistir me mudou. Sem consertos vou seguindo, atônito, questionador, imerso numa confusão tão lúdica quanto real. Realidade desconexa. Significações antes incompreendidas tornando-se cartilhas infantis. Fácil difícil, difícil agora fácil. Carência de beijos sinceros, necessidade de tato, palavras como solução. Aonde foram minhas antigas crenças? O que significa esse isqueiro que me afronta sobre a mesa? Pendências, dependências. Químicas, físicas e matemáticas. Música, boa música. Sonoridades silenciosas...Cheiro de manga, 212, catorze zero três. Chamadas. Presente! passado, futuro. Desespero seguido de calma, tranqüilidade. Insônia bocejante. Irritante, como esse texto. Amo e odeio um espelho.

Comecei. Um dia eu termino. Ou não.

quinta-feira, 2 de março de 2006


RETROVISÃO

Pelo retrovisor, vejo o passado que ainda se faz presente em minhas pupilas...
me senti azul de tanto céu e mar em torno de mim. Consumido pela euforia de estar longe dos meus problemas, agora tão pequenos. Placas indicam o caminho de volta pra casa. Quem dera se placas indicassem a solução menos dolorosa para os meus problemas...Em meio a oscilações de velocidade, meus pensamentos se esvaem, se dissipam, se perdem até voltar a rotina que me mata, aos poucos...Entristeço chorando lágrimas de sal, daquele mar, daquela praia, daquela lembrança, agora tão distante...Adeus!