Na Terra do Nunca, como costuma sonhar em viver uma amiga chegada, contorno quadras da capital em um circular. Reflito sobre uma simples intervenção dermatológica que me fez parar para escrever. Uma microqueimadura precisa, um ponto coberto de casca, casca essa coberta por uma bandagem 100 vezes maior do que o furo. Cauterizei um vaso na face.
Até aí, tudo bem. Segundo a médica, milhares de pessoas o fazem diariamente. Acontece que o curativo, grande em demasia, causou-me um desconforto inexplicável ao me deparar com olhares curiosos por todos os lados. Não sabia seus nomes, tampouco suas profissões. Mas a velocidade dos olhares era tamanha que mal pude perceber que a parada na qual deveria descer já havia passado há 15 minutos...
Já em casa, após um desabafo diante do espelho, comecei a desconfiar que a beleza pode importar e influenciar em nossas vidas em uma proporção além do imaginável e consciente. Mesmo aqueles que a condenam, duvido não se pegarem admirando-se no reflexo de uma vitrine, ou ajeitando o cabelo no espelho de um elevador...
Somos vaidosos por natureza, e por conseqüência da globalização que trouxe consigo ditaduras muito piores do que a de 64. É essa tal ditadura da beleza, com seus padrões e convenções que nem nós e talvez nem nossos filhos poderão explicar um dia, apenas executar, como um comando de Windows.
Foi estranho ver o porteiro, que às vezes nem sequer deu-me bom dia num dia difícil, perguntar afoito sobre o curativo. O mesmo ocorreu na saída da clínica, no trabalho e até na farmácia! Curativos agridem? Acho que alguém ditou isso e esqueceu de me avisar...
E o pior é que antes de iniciar este devaneio, em busca de respostas, arranquei o imenso curativo e o substituí por um discreto Band-Aid 2x2cm...
Até aí, tudo bem. Segundo a médica, milhares de pessoas o fazem diariamente. Acontece que o curativo, grande em demasia, causou-me um desconforto inexplicável ao me deparar com olhares curiosos por todos os lados. Não sabia seus nomes, tampouco suas profissões. Mas a velocidade dos olhares era tamanha que mal pude perceber que a parada na qual deveria descer já havia passado há 15 minutos...
Já em casa, após um desabafo diante do espelho, comecei a desconfiar que a beleza pode importar e influenciar em nossas vidas em uma proporção além do imaginável e consciente. Mesmo aqueles que a condenam, duvido não se pegarem admirando-se no reflexo de uma vitrine, ou ajeitando o cabelo no espelho de um elevador...
Somos vaidosos por natureza, e por conseqüência da globalização que trouxe consigo ditaduras muito piores do que a de 64. É essa tal ditadura da beleza, com seus padrões e convenções que nem nós e talvez nem nossos filhos poderão explicar um dia, apenas executar, como um comando de Windows.
Foi estranho ver o porteiro, que às vezes nem sequer deu-me bom dia num dia difícil, perguntar afoito sobre o curativo. O mesmo ocorreu na saída da clínica, no trabalho e até na farmácia! Curativos agridem? Acho que alguém ditou isso e esqueceu de me avisar...
E o pior é que antes de iniciar este devaneio, em busca de respostas, arranquei o imenso curativo e o substituí por um discreto Band-Aid 2x2cm...
8 comentários:
Com certeza o quadro desnudo não chama atenção! mas experimente espirrar-lhe um pingo de tinta... muito bom e agradável teu jeito de escrever, beijo até domingo!
Alda Lyra
Somos uma sociedade de aparências, uma sociedade, em que se não fores perfeito - fisicamente, serás condenado ao esquecimento. Estranho começar a refletir quantas vezes vi pessoas, com defeitos fisicos,sendo observadas por todos transeuntes que passavam. Jamais fui esse ponto de observação,mas sei que somos assim. Pior, somos sencionalistas e adoramos uma desgraça. Mas é a vida, ainda bem que existem àqueles que conseguem ver beleza em pessoas comuns, que infelizmente sofrem deficiências. bjooo e vê se visita o meu blog, tah :P
Te adoro, e adoro quando escreves.
ai que saudade tenho sentido da Terra do Nunca, não sabes o quanto. Talvez por falta de beleza, talvez por total ausência de beleza, fui relegada ao esquecimento da vida adulta, estou quase invisível, e o que é pior, meu amanhã está desértico. Meu estoque de pirimpimpim está acabando, logo logo terei perdido toda graça infantil que tento economizar nesses dias agrestes onde todos me perguntam o quê estou fazendo da vida, mas ninguém na verdade pergunta como estou de alma.
Adorei o texto!!!
Tenho uma aluna que se comporta como a Macabéia, Clarice Lispector que a descreva...tímida, não se preocura em vestir-se bem, escovar nos cabelos? Escovar nos dentes? Suas calças são tão sujas que parecem posseiros retirantes em busca de terras! Mas na sala tem um espelho enorme em uma das paredes que bate de frente com o rosto dela enquanto solfejava uma escala maior para aquecer a voz. Em vários momentos precisei chamá-la de volta para a aula, pois o espelho sugava seu olhar com muita fome, não sei se era vaidade ou um fenômeno de Polthergeist. Após isso, cantamos Gente Humilde do Chico Buarque, a qual teve sua hora da estrela!
A beleza é fundamental, e todo mundo desvia o olhar pra ver se tá ok!
ACHO que nao considero beleza fundamental nao, e digo isso correndo o risco de ser hipócrita,mas n mudo de opniao no momento.Acredito que a beleza é importante para causar uma boa primeira impressão, mas beleza apenas nao sustenta nada. e beleza inclui uma série de adjetivos.mas concordo ctg, a ditadura q a beleza impõe eh terrivel..temos de tomar cuidado com nossos valores. ah, e adorei o q escreveste!!!
e relaxa q cicatriza logo. heehe
abraços!!
Amigo tens uma beleza rara. Possuis uma simetria que atrai o olho humano, é gestalt, normal! Imagino qual não teria sido a reação das pessoas acostumadas a esta tão formosa harmonia, encontrá-la com algum ruído. Faça como eu: vista tua roupa de homem invisível e cuide bem desta feridinha para ñ deixar impressa a memória dela em forma de cicatriz. Te amo! Td de bom!
e a band-aid era coloridinha? :P
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