domingo, 8 de abril de 2007

UM CERTO VILAREJO DE OUTREM

Apropriei-me de um sonho alheio. Há milhas e milhas daqui me teletransportei para um secreto vilarejo. Agora não mais secreto, o que não extingue o seu encanto. Ao pisar na grama verde, aves retorceram-se em desenhos no céu, como se anunciassem minha tênue chegada. Marasmo. Gostoso e desfrutável marasmo. Desfrutável como as maçãs verdes que choviam das árvores. O perfume da baunilha infestava o ar que teimava em abandonar minhas narinas. Senti paz como nos filmes de "happy end". O som das águas parecia uma sinfonia de Chopin. Na água pura e cristalina, peixes de escamas doiradas não disputavam espaço, de tão vasto córrego. As casas brancas e de janelas azuis eram mais belas que qualquer mansão urbana. Desapercebido de roupas, tornei-me camaleão e fundi-me àquilo tudo. Foi quando observei pessoas. Pessoas e seus movimentos. Mulheres negras de cutis luzidias, aparentemente macias como o algodão. Sobre suas cabeças balaios enfeitados com roupas, que balançavam como se acompanhassem o ritmo do cantarolar dessas mulheres. "Vem andar e voa, vem andar e voa..." Minha atenção, perplexa com a beleza inigualável da cena, muda de foco ao perceber um casal. Não sei definir seus sexos, tampouco cor, pois pareciam um só. Um que vale por mil formas de amar que poderia aqui descrever, antes de conhecer o vilarejo que povoa seus sonhos mais íntimos, agora compartilhados por minhas singelas palavras. Vida longa!

2 comentários:

Anônimo disse...

Há um vilarejo alí...
Que lindo! Emocionando o texto. Consegui imaginar o lugar, uma narrativa rica em detalhes como as de Machado! Tu é ótimo.
Bj
Obrigado!

Dona Fernanda disse...

vida longa à poesia de tuas palavras! salve salve